segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Livros


 

Os livros são fragmentos de existência.

São inteiros resistência.

As linhas são vestígios de suor, marcas de barbeador, traços de batom.

Expressam saudades, dores, alegrias, amor e ódio.

Os livros são

Conexões neurais,

Xícaras de café,

Goles de água,

De álcool, de chá.

As páginas são portas e janelas. 

As palavras são molhadas de sonhos, pesadelos, pensamentos, raiva, indecisão, íntegras e soltas.

Surgem da música que toca na vitrola, no rádio, no celular, no aplicativo.

Sobrevém do grito do vendedor, do latido do cão de rua, do menino em súplica à mãe.

Do beijo amado, do esfregar de mãos, do varrer da calçada, da carne nua e do corpo cru.

As palavras de um livro sobreviveram ao caos. Inebriadas de paz, do medo, da inspiração, da doçura e da transpiração, do caos e da esperança. Ao mesmo tempo, elas são milagres e infortúnio.

Os livros são muitas gentes e milhares de gestos.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Passatempo


Ah! o Tempo
O tempo aprendeu a voar com o vento.
Vento,  venta
Passarinho,  passarão
Submarino, avião
Tempo, menino apressado.
Sai correndo de pé no chão
É o tempo que passa
Sãos os tempos passado, presente e futuro.
Nunca fica parado
É o relógio acertado
Tic, tac, tem
Tem alento, invento.
Na velocidade da luz
O Tempo urge tenso
Não acalma, espalma, espasmos
Em fôlego intenso
Tempo marca
Passo, passo, passa.

domingo, 11 de janeiro de 2015

mãe natureza

Ela cuidou de mim
Me deitou na relva
tomei banho de neblina
me vesti de folhas
fui abraçada pelas flores
me perfumei de pétalas
me maquiei de sol


Os pássaros me trouxeram uma coroa de orquídeas
Fiz coro com eles,
cantamos melodias compostas pela água
com letras sopradas pelo vento
Canções de terra, de chão batido
no ritmo do trote dos potros selvagens
que me emprestaram seus lombos
neles cavalguei em pelo
seguida pelas borboletas coloridas
e os beija-flores sedentos


Fui descendo a colina
na velocidade da calma
em harmonia com os sons do verde
no equilíbrio do tempo
com a sensibilidade da alma
sob as bençãos da mãe natureza






















                                                                                            imagem: Pixabay

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Sombras

à sombra da vida está a morte
à sombra do risco fica a sorte
à sombra do mar vive a areia
à sombra da liberdade a cadeia
à sombra do fraco vive o forte
à sombra do limpo vive o torpe
                                           

imagem: pixabay

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Natureza morta

A Terra treme
a água some
o povo geme
sentindo fome

A natureza queima
o fogo consome
o pássaro teima
em voar e some


terça-feira, 29 de julho de 2014

Lembranças

O sol é minha luz de dia
a lua me vela à noite
de pés descalços pela via
eu fujo do cansaço e seu açoite
 
sorrio com lembranças
que me assaltam de pronto
são memórias de minhas infâncias
que me fazem tecer um conto

desliso os dedos sob os cabelos
inclino meus olhos aos céus
lindo, num azulado em novelos
percebo imagens como véus

deixo minha mente voar
vou longe, me sinto com asas
como se estivesse a sonhar
o coração pulsa em brasas

sábado, 24 de maio de 2014

Negra

Negra, eu te vi implorando
Correndo,  chorando
Vi você a frente de um Senhor
Subjugando seu sangue nagô

Negra, negra,  joia africana
Vem dançando pela senzala
Enquanto seu corpo resvala
Sobre uma pilha de pratos
Seu vestido aos trapos

Está pingando,  em frangalho
pelas roupas lavadas no orvalho
Da senhora dama  que avulta
Seu sentimento de culpa

Querem te deixar desprovida
Da luz  do sol, da vida
Tentando te fazer invisível
Nesse mundo previsível

Onde quem tem  posses
Tem vezes e vozes
Não vos calais, negra mulher
Olhai ao longe com foco,  fé

Vede seus braços, sua cor
Tens  choro, sangue, dor
Mas, além disso , moça
Tens dignidade e força